
Os implantes hormonais passaram a ser usados para melhorar o desempenho sexual, o que gera discussões sobre a segurança e a eficácia do método.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em novembro de 2024, proibiu o uso de implantes hormonais para fins estéticos ou de melhoria de desempenho, e passou a exigir prescrição médica com receita de controle especial.
De acordo com o Dr. Alessandro Scapinelli, especialista em ginecologia e endocrinologia, os implantes hormonais são "apenas uma via de administração de substâncias".
Ele explica que "o implante de silicone, que é o tubinho de silicone, é inabsorvível, ou seja, ele não é absorvido pelo organismo. Quando a substância que foi colocada dentro dele perde o efeito, esse tubinho de silicone precisa ser retirado".
Por outro lado, ele destaca que "o implante absorvível, que é o comprimidinho, vai sendo absorvido aos poucos, dissolvendo-se e liberando a substância no organismo".
"É fundamental entender que o implante hormonal é apenas uma ferramenta para administrar uma substância, seja ela hormonal ou não", afirma o Dr. Scapinelli.
"As substâncias podem ser administradas por via oral, via creme, ou até mesmo por um implante sob a pele. O que importa é a forma como esse tratamento é prescrito", acrescenta.

O médico também ressalta que "o problema não está na substância, mas sim na prescrição inadequada. Por exemplo, se uma paciente tem risco de desenvolver trombose e o médico escolhe o implante incorreto, o problema não é o implante em si, mas o hormônio inadequado que foi prescrito".
Ele também alerta para complicações como o agravamento de quadros de acne exacerbada, "caso o hormônio errado seja prescrito para pacientes com propensão a essa condição".
Scapinelli reitera que "o implante não tem culpa de nada, ele é apenas um meio de administração de substâncias", lembrando que o erro ocorre quando o profissional de saúde faz uma prescrição inadequada.
"O que se vê na mídia muitas vezes gera desinformação, especialmente pelo uso do termo 'chip da beleza', que não deveria existir. Primeiro, porque não há um chip, e sim um implante, e segundo, porque a beleza é apenas um efeito colateral da saúde", explica.
"O médico responsável, ético e comprometido deve focar na saúde da paciente", diz Scapinelli. "O sucesso de um implante depende de uma boa prescrição médica, mas também de hábitos de vida adequados. Se a paciente se alimenta bem, pratica atividades físicas e mantém um estilo de vida saudável, e se a prescrição foi bem feita, os benefícios serão evidentes".
Ele ainda alerta para o uso inadequado dos implantes hormonais, observando que "o limiar entre fazer bem e causar danos é muito tênue. Por isso, o médico precisa ser um especialista e utilizar essas ferramentas com precisão".
Ele conclui: "Os implantes hormonais não são indicados para todas as pacientes; eles são apenas uma das formas de administração disponíveis. O foco deve ser sempre o cuidado com a saúde da paciente, utilizando as melhores alternativas para cada caso específico."
Novas mudanças
A presidente da ANME (Associação Nacional dos Magistrais Estéreis), Manuela Coutinho, também comentou sobre as mudanças nas regulamentações.
"Houve mudanças, principalmente, na forma de prescrição. A Anvisa reforçou uma diretriz que já havia sido determinada pelo Conselho Federal de Medicina em 2023, proibindo a prescrição de implantes hormonais para fins exclusivamente estéticos ou de melhora de performance", declara.
Coutinho também destacou que a nova regulamentação exige um processo rigoroso de consentimento informado, envolvendo o médico, o paciente e o farmacêutico, o que "aumenta a rastreabilidade e a segurança do processo".
Manuela reforçou a ideia de que "não existe diferença entre os produtos em si, e sim na forma como eles foram indicados", e que quando os implantes hormonais são usados de forma apropriada, com acompanhamento médico adequado, podem trazer benefícios positivos.
"Um mesmo implante hormonal pode ser extremamente benéfico quando utilizado com a devida indicação médica, prescrição adequada e acompanhamento responsável", conclui.