
Casos recentes de bronquiolite vêm chamando a atenção de mães de bebês e crianças de até 2 anos. Elas estão preocupadas com o aumento da incidência dessa infecção viral causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
Ainda sem vacina contra o VSR disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), muitas mães buscam o imunizante em clínicas privadas e se assustam com o preço, que pode variar de R$ 1,7 mil a R$ 3 mil a dose.
No caso da vacina que gira em torno de R$ 1,7 mil, ela previne a infecção em crianças, do nascimento aos 6 meses de idade, por meio da imunização ativa de gestantes. Já o imunizante de cerca de R$ 3 mil é aplicado em bebês.
Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde justificam a preocupação; o VSR é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e até 60% dos quadros de pneumonia em crianças menores de 2 anos.
Os sintomas incluem tosse persistente, chiado no peito, febre e fadiga. O tratamento envolve hidratação, repouso e, em casos mais graves, o uso de broncodilatadores e suporte hospitalar.
Em alerta
A nutricionista Fernanda Ormelezzi Rapucci , mãe de uma bebê de 8 meses, está avaliando se compra agora a dose da vacina contra a bronquiolite para sua filha, que ainda não frequenta creche e passa os dias em casa na sua companhia.
Fernanda conta que, quando a filha tinha 2 meses e meio, aproximadamente, ela levou um susto que a deixou atenta à doença.
“Eu tive que levar minha bebê ao Pronto Socorro pela primeira vez na vida com suspeita de bronquiolite. Nesse dia, eu fiquei apavorada de medo dela ter que ficar internada, de sofrer. Graças a Deus, não precisou”, relata a mãe, que tratou a bebê em casa, com inalação, medicamentos e cuidados.
Fernanda diz que já testemunhou o sofrimento de uma amiga que teve seu bebê internado na UTI por causa de bronquiolite.
“Fora outros relatos de mães conhecidas que chegaram a ficar 10 dias com filhos em UTI. É desesperador emocionalmente, só de pensar”, ressalta.
A nutricionista conta que a vacinação foi recomendada pela pediatra da bebê.
“A médica recomendou a vacina, caso minha filha vá para a creche. Mas, como ela ainda fica em casa comigo, estou avaliando com meu marido. Também tive que deixar meu trabalho para ficar em casa com a bebê e isso faz diferença no orçamento familiar. Eu tenho pesquisado o preço da vacina e é um absurdo de caro”, protesta.
O que diz o Ministério da Saúde
Questionado pelo Portal iG sobre a indisponibilidade da vacina contra o VSR no SUS, o Ministério da Saúde afirmou, por meio de nota da assessoria de imprensa, que iniciará o processo de aquisição das novas tecnologias no SUS para prevenir complicações causadas pelo VSR.
As tecnologias consistem na aplicação do anticorpo nirsevimabe , indicado para proteger bebês prematuros e crianças de até 2 anos nascidas com comorbidades; e a vacina recombinante contra o vírus, dada em gestantes para proteger os bebês nos primeiros meses de vida. Com o novo protocolo, a cobertura em bebês será ampliada 12 vezes mais em relação ao tratamento atual.

“A previsão é que a partir do segundo semestre deste ano, os bebês nascidos no Brasil possam ser protegidos por uma estratégia de profilaxia. Além disso, gestantes poderão receber uma dose da vacina, transmitindo aos bebês imunidade contra o vírus sincicial respiratório (VSR) por até seis meses”, informa a nota.
Até então, a principal opção disponível para a prevenção do VSR no SUS é o palivizumabe, destinado a bebês prematuros extremos, com até 28 semanas de gestação, e crianças com até 2 anos de idade que apresentassem doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita grave.
O Ministério da Saúde não informou, no entanto, se há previsão para incorporação da vacina contra o VSR ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Como prevenir a bronquiolite
Enquanto a vacina não chega no SUS, algumas medidas podem prevenir doenças respiratórias, entre elas a bronquiolite.
Como a principal forma de contaminação é por meio de secreções respiratórias e por contato, é importante evitar aglomerações , especialmente se houver outras crianças com doenças respiratórias.
Por isso, os pais não devem levar seu filho com febre e resfriado para creche, escola ou festas infantis.
É importante manter os ambientes ventilados, evitar o contato direto do bebê com pessoas resfriadas ou gripadas e higienizar sempre as mãos, principalmente antes de pegar o bebê.
E sempre é bom destacar que o aleitamento materno reduz os riscos de muitas doenças, inclusive infecções respiratórias.