Antigamente, quando havia poucos médicos disponíveis para o atendimento a uma população, era comum ter um profissional de referência que cuidava de toda a família, desde as crianças até os idosos, se fazendo valer de um conhecimento amplo acerca das doenças que acometem os diversos sistemas do corpo humano. Com o aumento no número de médicos, o mercado do cuidado fragmentado vem se expandindo e “loteando” o corpo humano, atribuindo cada órgão ou sistema a um especialista focal naquele tema.
Ser cuidado por um especialista é ótimo, não é verdade? Bem, depende bastante de qual a doença e qual o especialista. Ignorar a visão ampla e integral do ser humano, integrando corpo e mente, pode ter resultados ruins. Uma dor de estômago pode ser resultado de uma gastrite, que pode ser decorrente de uma alimentação inadequada, de estresse ou até mesmo do uso de uma medicação para aliviar uma dor de cabeça, que por sua vez pode estar relacionada a um problema de miopia ou, quem sabe, a uma enxaqueca... E por aí vai!
Buscar diretamente um gastroenterologista em caso de uma dor de estômago ou um neurologista para avaliar uma dor de cabeça pode não ser o melhor caminho. Esses especialistas devem ser acionados por um profissional que conheça bem o indivíduo, que o acompanhe ao longo do tempo e que o enxergue como um todo. Essa habilidade de visão sistêmica, holística ou integral pode ser desenvolvida em especialistas de qualquer área, sendo bastante comum nos médicos de família e comunidade.
Fazer acompanhamento com um médico ou uma médica que atue como o regente de uma orquestra (corpo), enxergando o todo e articulando os diferentes músicos (órgãos e sistemas) que a compõem, reduz os riscos de tratamentos e exames desnecessários, além de resultar em melhores resultados em saúde. Encaminhar ao especialista certo na hora certa é uma habilidade desenvolvida com estudo e experiência. Quando o próprio paciente passa a ser o único responsável por essa decisão, as chances de resultados indesejados aumentam consideravelmente.
Precisamos, portanto, do acompanhamento de um bom profissional médico que nos conheça bem e que acione especialistas conforme a necessidade por ele identificada em cada caso, no momento mais adequado. Estabelecer uma relação de confiança com esse profissional é fundamental para nos sentirmos seguros de que estamos recebendo o melhor e mais amplo cuidado possível.