O governador do Rio de Janeiro em exercício, Cláudio Castro, criou ontem um comitê de apoio científico para políticas públicas de enfrentamento à Covid-19. Dos dez médicos e cientistas escolhidos para o grupo, ao menos seis já se posicionaram publicamente em defesa de tratamentos precoces contra a doença, como o uso de remédios sem eficácia comprovada, ou contra restrições, como lockdown, para conter o avanço do coronavírus.
Castro já se posicionou contra medidas restritivas — o que gerou, no mês passado, uma desavença pública com o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Segundo o decreto que institui o comitê, os médicos têm o dever de “monitorar e avaliar o desempenho do SUS no âmbito do estado e elaborar recomendações à Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde”.
O infectologista Edimilson Migowski foi nomeado presidente do grupo. Nas redes sociais, Migowski defende o uso da nitazoxanida, um vermífugo, como tratamento prévio para sintomas de Covid-19. No ano passado, o governo federal chegou a dizer que o remédio reduziria a carga viral em pacientes infectados, mas em janeiro o Ministério da Saúde informou à Câmara que decidiu não incorporar a nitazoxanida ao tratamento da doença.
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Em outubro, Migowski fez uma live com o médico Guili Pech, que também defende o tratamento precoce nas redes. O tema foi “A ditadura da medicina baseada em evidências e o uso da nitazoxanida”. Outros nomes completam o comitê científico de Castro, como, por exemplo, o infectologista Francisco Cardoso, que também já se manifestou a favor do tratamento precoce e contra o fechamento do comércio. No mês passado, ele disse ao portal Jovem Pan que, em um restaurante, com mesas separadas, clientes de máscaras e ventilação adequada, as regras sanitárias são seguidas e “você está muito mais seguro do que em casa”.
Psicólogo e consultor do Ministério da Saúde, Bruno Campello já falou contra o lockdown, junto com seu pai Fernando Campello, que também faz parte do comitê. O médico infectologista Ricardo Zimerman é outro defensor de tratamentos precoces.
Perguntado sobre os critérios para formar o comitê, o estado disse que o objetivo é que os especialistas colaborem com as decisões e reforcem o diálogo com a sociedade. E que as medidas necessárias contra a Covid-19, como ampliação de leitos e distribuição de vacinas, serão tomadas. O GLOBO não conseguiu contato com os integrantes do grupo.