Especialista expõe dificuldade de campanha descentralizada
Futura Press
Especialista expõe dificuldade de campanha descentralizada


Dias depois de São Paulo e Rio de Janeiro anunciarem a antecipação das datas de vacinação,  algumas cidades vêm enfrentando o desabastecimento de doses. Segundo especialista ouvido pelo O Globo, isso afeta a credibilidade da campanha, que poderia funcionar melhor se não fosse descentralizada. 

"O desabastecimento de vacinas é perigoso porque influencia a baixa cobertura em geral. Se é um hesitante, chega ao posto e não tem vacina, não vai voltar", afirmou Mayra Moura, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). E especialista diz que, no caso da Covid-19, isso pode acontecer menos, mas ainda assim se perde uma oportunidade de imunizar alguém indeciso.

Pelo menos seis capitais brasileiras relataram falta de doses nesta semana,  segundo informações de O Globo. Na capital paulista, a imunização chegou a ser suspensa na terça-feira após, na segunda, faltarem doses em vários postos da cidade. Dias antes, o governador João Doria anunciou a antecipação para 15 de setembro a imunização de toda a população com mais de 18 anos no estado.

Mayra explica que uma campanha geralmente considera o número de pessoas a serem vacinadas para que a distribuição de doses seja feita aos estados. "O que acontece agora com a Covid-19 é que o PNI (Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde) distribui as vacinas de acordo com as doses disponíveis, e não segundo o número de pessoas a serem vacinadas", explica. 

"Se, por exemplo, em um lugar se vacinou muito rápido certo grupo e ainda há vacina sobrando, a imunização pode ser ampliada para outra população que não estava definida pelo PNI. Mas não temos uma condução nacional. A falta de vacinas expõe a dificuldade que é realizar uma campanha desse porte de forma descentralizada", afirma Mayra. 

"Se o PNI dissesse: 'Vamos vacinar agora todos acima de 50 anos' e na minha cidade já vacinei essa população e ainda tenho sobra porque não vieram todos que deveriam ou porque já estou nessa faixa etária há muito tempo, posso decidir ampliar as outras faixas. Mas só se faz isso com vacina no estoque ou cobertura vacinal atendida. Não apenas contando que a vacina vai chegar", conclui.

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