Pesquisadores contratados pelo Ministério da Saúde se debruçam sobre cerca de 20 mil estudos para produzir a análise que servirá como base para o parecer da pasta sobre uso de máscara. No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a pressionar publicamente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que recomende que a proteção seja facultativa. Apesar da investida, segundo o próprio ministério, Queiroga e Bolsonaro não trataram do tema desde então.
Embora o presidente pressione publicamente pela adoção da medida, o Ministério da Saúde tem conseguido driblar as sucessivas ofensivas de Bolsonaro sobre o tema. A estimativa é que o estudo, coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fique pronto somente em outubro.
Além da Unifesp, a pasta contratou pesquisadores externos para participar da revisão, assim como é feito usualmente em pesquisas científicas que são alvo de avaliadores independentes.
"A gente achou mais de 20 mil artigos na literatura, e agora os pesquisadores estão fazendo as análises desses estudos para trazer a revisão sistemática final. O prazo para terminar esse estudo é outubro", afirmou a diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia da pasta, Alessandra Sá Earp. "O estudo é contratado pela universidade, e colocamos outros consultores do país todo. Os maiores pesquisadores de revisão sistemática no país a gente conseguiu que analisassem junto com a gente os estudos para dar mais credibilidade".
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Segundo Sá Earp, há pesquisadores no “país todo” atuando na análise que servirá como subsídio para o parecer da pasta. Ela não quis detalhar em que direção apontam as análises do grupo, porque qualquer observação antes da conclusão do trabalho, diz a médica, poderia “incorrer em equívoco”.
Na segunda-feira da semana passada, Bolsonaro afirmou que pediria uma data ao Ministério da Saúde para que houvesse uma recomendação para que o uso de máscaras seja facultativo.
Dois dias depois, Queiroga fez um aceno ao presidente dizendo publicamente que caso a queda no número de casos continue e não haja pressão sobre o sistema hospitalar seria possível “em um curto espaço de tempo, se flexibilizar o uso de máscaras no ambiente (ao ar) livre”.
Apesar da declaração, Queiroga pouco tem atuado sobre o tema em termos práticos. A avaliação é que a estratégia do ministro atende aos arroubos do presidente ao mesmo tempo que mantém medidas sanitárias cientificamente previstas.