Mesmo com a chegada de um novo ministro da Saúde, expectativa não é positiva no país
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Mesmo com a chegada de um novo ministro da Saúde, expectativa não é positiva no país

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal Fluminense ( UFF ) aponta que o  Brasil pode chegar a um pico de cinco mil mortes por Covid-19 num único dia entre abril e início de maio. A projeção é do professor do Departamento de Estatística Márcio Watanabe com base na sazonalidade da doença.

De acordo com Watanabe, doenças respiratórias, como a Covid-19 e a gripe, acontecem mais durante o outono e inverno por uma série de fatores. Entre eles, uma baixa de imunidade natural no corpo humano durante esse período, mudanças de comportamento humano e até o fato de ficarmos mais tempo em ambientes fechados.

Segundo o estudo, há evidências de que a sazonalidade afeta a transmissão da Covid-19 e que, por isso, a tendência é a de que as contaminações cresçam de março a maio em países do hemisfério sul, em particular no Brasil , e também em locais que seguem padrões sazonais semelhantes ao nosso, como Índia e Bangladesh: "aqui, o pico de óbitos será provavelmente em abril ou início de maio, com um valor estimado de até cinco mil óbitos diários. O valor real do pico dependerá da velocidade da vacinação nos próximos meses e das medidas de distanciamento adotadas".

Segundo ele, o Brasil vê um aumento de casos desde o fim do ano passado por conta do relaxamento das medidas de distanciamento social . No entanto, explica Watanabe, a inflexão neste momento do começo do outono é ainda maior, justamente por conta da sazonalidade, o que ainda vai se acentuar.

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"Outros países do hemisfério Sul já estão experimentando um aumento de casos recentemente, como Colômbia, Argentina, Uruguai e até o Chile, mesmo com a vacinação avançada", diz o pesquisador. Enquanto isso, territórios do hemisfério norte, como EUA e nações europeias, devem passar por um platô alto de casos, mas uma menor tendência de aumento, segundo o pesquisador.

Watanabe afirma ainda que, para evitar o pico de casos, é preciso intensificar a vacinação e medidas de distanciamento social : "Por exemplo, indivíduos de 50 a 60 anos são responsáveis por uma expressiva parcela das internações e óbitos, mas não estão relacionados como grupo de risco no plano nacional de imunização-PNI. Enquanto o país não vacinar esse grupo de pessoas, e também integralmente os idosos e aqueles com comorbidades, ainda teremos um grande número de óbitos".

As perspectivas, de acordo com o estudo desenvolvido pelo pesquisador, são de que, a partir de 2022, a Covid-19 deve seguir de forma mais clara o mesmo padrão sazonal da gripe e de outras enfermidades respiratórias, com um aumento de casos e óbitos de março a junho e uma diminuição em outras épocas do ano.

Segundo ele, essa identificação da sazonalidade da doença é fundamental para um correto planejamento das ações do poder público, que já poderia ter se antecipado ao aumento de hospitalizações e óbitos que têm ocorrido neste mês

"Poderemos conviver com a Covid-19 da mesma forma que convivemos com outras doenças respiratórias, como a pneumonia, quando vacinarmos a grande maioria da população. Mas, mesmo com a vacina, a doença será endêmica, ou seja, sempre haverá casos. Assim, um ponto fundamental para o futuro é a ciência encontrar algum tratamento que seja significativamente eficaz para pacientes hospitalizados com coronavírus", diz.

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