Nesta terça-feira (10), tanto representantes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como integrantes do Instituto Butantan realizaram entrevistas coletivas para esclarecer a interrupção dos testes da CoronaVac no Brasil em virtude de um evento adverso grave não esperado . Algumas questões, entretanto, deixaram claro que as duas instituições têm versões diferentes sobre certos aspectos. Veja abaixo 3 pontos de discordância entre elas:
Informações
Na avaliação da Anvisa, as informações do Butantan encaminhadas à agência reguladora eram “incompletas” e, diante disso, a única decisão cabível seria a interrupção dos testes. Alessandra Bastos, diretora da Anvisa, afirmou que “nenhum relatório com detalhamento foi encaminhado para esta agência”.
De acordo com Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa “as informações foram consideradas, pela área técnica, insuficientes e incompletas para que fosse possível, de posse delas, continuar permitindo o desenvolvimento vacinal”.
Por outro lado, representantes do Instituto Butantan e do centro de contingência da Covid-19 em São Paulo reforçam que a Anvisa foi informada de que o evento adverso grave não estava relacionado à vacina . "Sabemos que não existe relação de causa e efeito [entre a vacina e a morte do paciente]", disse João Gabbardo , diretor-executivo do centro de contingência.
Dimas Covas
, diretor do Instituto Butantan, declarou que “é impossível
que o efeito adverso tenha qualquer relação com a vacina”.
Datas
Dimas Covas disse que o efeito adverso grave não tem relação com a vacina e que “essa informação está disponível à Anvisa desde o dia 6 , quando foi notificado o evento adverso grave”. Por isso, ele considera que não há motivo para suspensão dos testes.
A Anvisa, porém, afirmou que não recebeu as informações no dia 6 de novembro, porque houve um problema técnico no sistema e, com isso, alguns serviços, como o de notificação de eventos adversos, foram suspensos.
“Nós, de forma informal, soubemos que houve um efeito adverso grave não esperado e solicitamos [ao Butantan] que encaminhassem a informação”, declarou Alessandra Bastos. Assim, em 9 de novembro , a Anvisa encaminhou um ofício ao Butantan e obteve, no mesmo dia, a resposta sobre efeitos adversos.
Comunicação
Outro ponto levantado pela Anvisa é o canal oficial de comunicação. Até o momento da entrevista coletiva, a agência não havia recebido as informações de que, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte do voluntário que participava dos testes foi suicídio .
Apesar do fato ter sido noticiado pela imprensa , “a informação só tem valor se ela vem por aquele canal”, declarou Antônio Barra ao reforçar que há um canal oficial específico de comunicação para a Anvisa.
Dimas Covas defende que o Instituto Butantan ofereceu "os elementos para que não ocorresse a suspensão do estudo”. Mesmo assim, a Anvisa avalia que quem deve analisar se a causa do evento adverso grave está relacionada ou não à vacina não é o Butantan, mas o Comitê Independente Internacional .