
Um novo dispositivo usado no tratamento de verrugas genitais também poderá ser eficaz para eliminar células pré-cancerosas causadas pelo HPV. A infecção sexualmente transmissível (IST) também conhecida como Papilomavírus Humano é a mais comum existente e a principal responsável pelo câncer do colo do útero - terceiro tipo de tumor com maior índice na população feminina no Brasil , segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Produzido por fabricantes escoceses, o aparelho que promete ser eficaz contra o HPV já tratou mais de 10 mil mulheres no ano passado no Reino Unido. Seu funcionamento é a partir de micro-ondas que emitem uma baixa dose de energia, mas que são suficientemente agressivas para combater as verrugas genitais.
A partir desse mecanismo, especialistas do MRC - Center for Virus Research da Universidade de Glasgow, na Escócia, estão trabalhando para que o método também funcione contra as células que formam o tumor
.
A grande vantagem da ferramenta é que, caso funcione contra as verrugas
do HPV, possibilitará um tratamento menos invasivo para mulheres. Isso porque, atualmente, quando células pré-cancerosas são detectadas no colo do útero
, o procedimento, além de doloroso, envolve a remoção cirúrgica a laser de tecido doente.

Testes de laboratório já estão em andamento em Glasgow. Se bem-sucedida, a pesquisa também poderá combater o vírus do papiloma bovino - uma causa da eutanásia equina que atinge 7% dos cavalos na Europa.
“Estamos muito satisfeitos em trabalhar com a emulação para testar o dispositivo de micro-ondas. Nós planejamos avaliar se o dispositivo pode interromper o HPV e se há um efeito sobre os tecidos pré-cancerosos e cancerosos infectados pelo vírus”, informou a professora Sheila Graham, da Universidade de Glasgow.
"Além de validar o potencial clínico da ferramenta, nossa pesquisa também lançará nova luz sobre como as doenças associadas ao HPV surgem”, ressaltou Graham.
Estima-se que 80% das pessoas têm ou terão algum contato com o HPV, porém, nem todas as infectadas desenvolvem doenças relacionadas ao vírus. No entanto, ainda não se sabe exatamente o que provoca essa pré-disposição para condições causadas pelo Papilomavírus Humano.
O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Emblation, fabricante do produto, Matt Kidd acrescentou que o novo projeto é uma "oportunidade emocionante" para a empresa e para a ciência.
"Nosso dispositivo tem o potencial de enfrentar os desafios associados ao tratamento das condições pré-cancerosas do colo do útero. Esse estudo é um passo decisivo na evolução da nossa plataforma de tecnologia de micro-ondas".
Leia também: Meninos de 11 a 15 anos também podem ser vacinados contra o HPV
Câncer do colo do útero
A doença se trata de uma desestruturação das células dos revestimentos interno e externo do canal do colo uterino que, na maioria dos casos, é causada pelo Papilomavírus Humano, transmitido por via sexual.
Porém, nem sempre o fato de ter o diagnóstico de infecção genital pelo vírus significa que a mulher terá o câncer. Especialistas reforçam que, apesar de ainda não estar claro para a medicina todos os fatores que colaboram com a progressão ou regressão da infecção, aspectos ligados à imunidade, genética, comportamento sexual e tabagismo podem influenciar na evolução para o câncer.
Apesar de ser assintomática, alguns sintomas como corrimento, coceira, dor durante a relação sexual, sangramentos, aumento do fluxo menstrual e alteração de odores podem ser indícios da doença. Em estágios avançados, pode causar emagrecimento e alteração dos hábitos intestinal e urinário.
Depois de diagnosticado, o tratamento do câncer cervical é feito com cirurgias, radioterapias e quimioterapias, de acordo com o estágio de desenvolvimento da doença.
Leia também: Mais da metade dos brasileiros entre 16 e 25 anos têm HPV, diz estudo preliminar